Foco no sucesso: entrevista com Daniel Ghizi
A incrível história do campeão de tênis de mesa que largou as raquetes e virou referência em arquitetura em Santa Catarina
Para os companheiros de seleção brasileira de tênis de mesa, Daniel Ghizi não é mais o mesmo. Mas no bom sentido. O Gramps – apelido que Daniel ganhou em alusão a uma personagem de novela, a Grampola – transcendeu o universo do esporte e foi parar em outros campos: os da arquitetura, da decoração e do design, e com a mesma competência de sempre.
Daniel não segura uma raquete desde que se formou em arquitetura, em 2006, na Universidade Federal de Santa Catarina. A mudança foi necessária: o esporte era suficiente para bancar os estudos e conhecer o mundo nas viagens com a seleção, mas não servia para uma vida toda. O garoto que saiu da casa da mãe aos 15 anos para ir treinar em São Paulo, e que aprendeu a duras penas que morar sozinho, tem suas agruras, queria mais, muito mais.

Como atleta do tênis de mesa foram 10 anos, com auge entre 1997 e 2001. Por três anos, Daniel representou o Brasil em competições internacionais. Chegou a ficar seis anos sem perder um set sequer em jogos disputados em Santa Catarina – recorde mantido até hoje e que será dificilmente quebrado. Como arquiteto, já são 13 anos e um reconhecimento que ele desejava, mas que não imaginava que fosse tão rápido.
TRAJETÓRIA
O primeiro escritório tinha só nove metros quadrados, uma parede mal pintada e uma placa improvisada na porta. Quando aparecia um cliente, o jovem arquiteto o segurava com unhas e dentes, porque ele poderia significar, pelo menos, o pagamento das contas do mês. E trabalhava horas a fio, muito mais do que precisaria para terminar o trabalho, só para impressionar e apresentar algo fora do comum.

Hoje, Ghizi tem uma equipe de oito arquitetos, que trabalham em mais de 30 obras em execução por todo a região sul do estado, em Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Minas Gerais e São Paulo. São ainda incontáveis projetos em andamento, e todos recebem atenção especial de Daniel. Aliás, essa é outra característica marcante do arquiteto: ele está presente em tudo o que é pensado ou produzido no escritório.
Por isso, é certo dizer que a dedicação também é a mesma dos tempos em que Daniel era o Gramps da seleção brasileira. Naquela época, eram pelo menos oito horas por dia de treinos, férias e fins-de-semana dedicados exclusivamente à raquete e à bolinha. Hoje, não é incomum ver o arquiteto trabalhando 14, 15 horas por dia, numa frenética corrida entre obras, escritório, fornecedores e clientes. Ghizi ainda arruma tempo para cuidar das publicações nas redes sociais do escritório: textos e fotos passam todos pelas mãos dele.
E essa corrida se tornou ainda mais maluca há cerca de um ano, depois do nascimento dos gêmeos João e Augusto. Foi quando o tempo livre ficou mais curto e a vontade de ficar em casa cresceu. Daniel passou a se dedicar totalmente ao escritório e à família, e deixou de lado qualquer tipo de exercício físico. Agora que as crianças estão crescendo e que as coisas estão voltando ao prumo, ele promete voltar a se mexer. Mas não com a raquete nas mãos. Essa ficou mesmo no passado.
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